Em maio de 2024 o então Ministro de Estado da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul Paulo Pimenta visitou o município do Rio Grande para, entre outras demandas, entender as necessidades básicas da Agricultura Familiar do município.
O Projeto e-COO em conjunto com a Agricultura Familiar do município elaborou duas cartas abertas com diversas demandas. Confira na íntegra o conteúdo das cartas.
Carta 1
A Agricultura Familiar de Rio Grande dirige-se a Vossa Excelência para solicitar seu apoio urgente na distribuição de cestas básicas às famílias da agricultura familiar que estão enfrentando severas dificuldades devido à recente enchente, consequência da catástrofe climática que assola o estado do Rio Grande do Sul.
A região de Rio Grande, onde está localizada a desembocadura da Lagoa dos Patos, tem sido particularmente afetada pelas enchentes. Essas enchentes não apenas interromperam as atividades agrícolas e pesqueiras, mas também destruíram colheitas e infraestrutura, deixando muitas famílias em situação de extrema vulnerabilidade e insegurança alimentar.
Diante dessa situação crítica, solicitamos a distribuição de 300 cestas básicas para apoiar as famílias da agricultura familiar em nossa região. Esta medida emergencial é essencial para garantir que as famílias de agricultores tenham acesso aos alimentos necessários para sua subsistência enquanto trabalhamos na recuperação das áreas afetadas e na retomada das atividades produtivas.
As cestas básicas permitirão que as famílias possam se sustentar durante este período difícil, aliviando a pressão imediata enquanto buscam-se soluções de médio e longo prazo para reconstruir as vidas e meios de subsistência dos agricultores familiares. Acreditamos que, com seu apoio, poderemos superar esta crise e fortalecer a resiliência de nossa comunidade.
Contamos com sua sensibilidade e prontidão para atender a esta solicitação urgente, que é vital para a sobrevivência de centenas de famílias de trabalhadores que são responsáveis pelo alimento na mesa de todas as demais classes trabalhadoras e que atualmente não conseguem garantir nem mesmo o próprio alimento.
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Carta 2
Em nome da Agricultura Familiar da região estuarina da Lagoa dos Patos, sobretudo do município de Rio Grande, dirigimo-nos a Vossa Excelência para manifestar nossas profundas preocupações e apresentar propostas concretas frente às catástrofes climáticas que têm assolado o estado do Rio Grande do Sul. A cidade de Rio Grande possui uma particularidade geográfica que a torna especialmente vulnerável: é onde se encontra a desembocadura da Lagoa dos Patos. Isto significa dizer que a cidade, suas ilhas e território, sofrem impactos diretos e indiretos com as catástrofes, sobretudo quando se trata de enchentes, isso porque, a Lagoa dos Patos recolhe água de cinco grandes rios, uma série de arroios e pequenos corpos d’água. Em todos esses casos, o escoamento da água inevitavelmente passa pelo Município de Rio Grande, exacerbando os desafios enfrentados pela nossa comunidade agrícola e pesqueira.
A recente enchente de setembro de 2023 causou estragos devastadores, envolvendo cinco meses sem produção agrícola na cidade de Rio Grande. Naquela ocasião, o nível do Guaíba em Porto Alegre atingiu 3,30 metros, resultando em 85% de perda da produção na cidade de Rio Grande e mais de R$13.000.000,00 em prejuízos.
Agora, no novo episódio de enchente em maio de 2024, estamos diante da catástrofe que elevou a cota de inundação do Guaiba para 5,35 metros, atingindo 100% dos moradores das Ilhas dos Marinheiros, Torotama e Leonídio, bem como as demais regiões do entorno da Lagoa dos Patos. Ao atingir mais de 1.500 trabalhadores da pesca e da agricultura familiar, as perdas englobam não apenas a produção e a comercialização, mas também a estrutura necessária para as suas atividades. Esses eventos demonstram a urgência de ações concretas para mitigar os impactos climáticos e apoiar a recuperação dos setores envolvidos que, mais uma vez, sofrem com as enchentes.
Solicitações da agricultura familiar e pesca
As mudanças climáticas têm impactado severamente a agricultura familiar e pesca, ameaçando a segurança alimentar e econômica. Diante disso, solicitamos seu apoio para implementar as seguintes medidas urgentes:
1. Implementar programas de suporte para eventos climáticos extremos, que garantam ajuda financeira emergencial e distribuição de recursos e insumos;
2. Distribuir cestas básicas por 6 meses para apoiar 300 agricultores familiares e 1300 pescadores artesanais que estão enfrentando insegurança alimentar;
3. Programa de Linhas de Crédito;
4. Promover a cooperação entre EMATER, SENAR-RS, EMBRAPA e e-COO/FURG para fortalecer a agricultura familiar desde a produção até a comercialização;
5. Assistência Técnica para Análise de Solo;
6. Repositório de Dados Consolidado;
7. Programa de Sementes – Implementar programas de distribuição de sementes para assegurar a diversidade e a resiliência das culturas agrícolas;
8. Fortalecimento de Redes de Cooperativas;
9. Levantamento de Indicadores Socioeconômicos e Ambientais;
10. Construção de Políticas Públicas;
11. Subsidiar a compra de produtos oriundos da agricultura e da agroindústria familiar por consumidores empresariais e institucionais.

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