Projeto e-COO: Perspectivas e desafios metodológicas

O Projeto e-COO

O projeto “e-COO – Cooperativismo de plataforma: inovação e tecnologia social para o fortalecimento da Agricultura Familiar da Região Geográfica Imediata de Pelotas” propõe-se a construir uma plataforma tecnológica para facilitar a comercialização solidária no contexto da Agricultura Familiar.

Esse projeto é uma demanda do Governo Federal no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI. O projeto teve início em maio de 2023 com duração de 24 meses. Tendo em vista a relevância social da proposta no cenário nacional, pretende-se, no SEPETS, compartilhar o caminho metodológico que vem sendo construído no projeto, a fim de que haja contribuições de outras experiências da área de Tecnologia Social.

Núcleos do projeto e-COO

O projeto e-COO é composto por três núcleos: Social, Comunicação e da Ciência da Computação, englobando várias etapas. A primeira é o diagnóstico envolvendo o mapeamento da produção, da comercialização, da distribuição e do consumo de alimentos da Agricultura Familiar produzidos pelas comunidades locais. Para tanto, foram elaborados questionários às unidades da EMATER, aos produtores da Agricultura Familiar e para quatros categorias de consumidores (individuais, prosumidores, institucionais e empresariais). 

Já para a segunda etapa, tendo como referência a aplicação dos questionários por meio de entrevistas, serão formulados indicadores sociais. Os mesmos estarão relacionados ao fomento das cadeias de produtos, em um contexto de uso de tecnologias sociais baseadas no Cooperativismo de Plataforma. 

Contemplando a terceira etapa, já está sendo modelado um Ecossistema Tecnológico para obter um Mínimo Produto Viável – MVP, o qual se encontra em estágio inicial, isto é, um esboço de sua arquitetura. Em outras palavras, o que se tem, nessa fase do projeto, é a Prova Conceito, ou seja, uma versão mais simples e enxuta da plataforma, para o qual o objetivo principal é apresentar a ideia e executar os testes primários.

Apesar do projeto estar no primeiro semestre, algumas escolhas, que podem ou não se manter, precisaram ser feitas. Dentre elas estão:

1. A utilização de Redes Sociais para comunicação e divulgação, sendo essas o Instagram e o Facebook;

2. O uso do plataformas de mensagerias, exemplo o TELEGRAM, como canal de compra e venda. Uma vez que apresentam baixo consumo de dados,  interface intuitiva, e com inúmeros usuários vinculados a essa ferramenta;

3. O cadastro dos produtores em um aplicativo fora das plataformas de mensagerias, garantido assim o registro e validação através do Cadastro Nacional da Agricultura Familiar – CAF.

Para as próximas etapas metodológicas do projeto, será prototipada a plataforma digital com base na modelagem do Ecossistema Tecnológico. A mesma será testada, analisada e validada, buscando identificar os impactos sociais e os resultados das transformações ocorridas no campo da Agricultura Familiar da região de estudo.

Também, será proposto um modelo para transferência da tecnologia que envolva a gestão aberta e compartilhada da plataforma. Tendo como possibilidade a participação do setor público e privado e de organizações da sociedade civil.

Desafios do Projeto e-COO

Em relação aos desafios encontrados até então, destacam-se:

  1. Articular condições viáveis entre os associados, isto é, tanto para quem vende, quanto para quem compra;
  2. Trabalhar com indicadores sociais que sejam coerentes com a proposta da economia solidária e do cooperativismo de plataforma. Proporcionando condições de trabalho digno (fairwork) (Grohmann, 2020);
  3. Associar as questões de precificação, logística e viabilidade dos produtos, tendo em mente os circuitos curtos de comercialização, tornando atrativo aos usuários da plataforma.

Diante do exposto, justificam-se as escolhas metodológicas, tendo em vista o objetivo do projeto. Onde o mesmo busca construir uma plataforma na interface da economia solidária, da tecnologia social e do cooperativismo. Sempre prezando por produzir relações dignas de trabalho.

Saiba mais em: Desafios e Limites no desenvolvimento do Projeto e-COO

Por fim, compartilhar a estrutura metodológica proposta e os desafios no ABEPTS é uma oportunidade para receber contribuições oriundas das expertises de grupos e pesquisadores da área. Possibilitando assim, que o mesmo atinja seus objetivos e suas metas com êxito.

Referências Bibliográficas

GROHMANN, Rafael. Plataformização do trabalho: entre a dataficação, a financeirização e a racionalidade neoliberal. Revista EPTIC, v. 22, n. 1, p. 106-122, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/eptic/article/view/12188/10214. Acesso em: 16 de agosto de 2023.

Autores: Kamila Debian Victor, Raizza Da Costa Lopes, Júlia Nyland Do Amaral Ribeiro, Viviani Rios Kwecko, Lucia Regina Nobre, Silvia Silva Da Costa Botelho e Marcelo Kwecko.

Artigo originalmente publicado no 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (SEPETS)Disponível em: https://www.even3.com.br/anais/1_sepets/

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