Etapa 04

Cooperativas agroecológicas da região imediata de Pelotas

Introdução

Para obter uma compreensão da importância de cooperativas agroecológicas, neste trabalho problematizamos qual informação sobre o tema está disponível nos sites, blogs, jornais e páginas de redes sociais das prefeituras, visando-se entender sua importância, história, trabalho e dificuldades. Tal sistematização permite que se possa conhecer estes empreendimentos e a importância que esta região do Rio Grande do Sul dá ao setor, pois a existência ou não de informações a respeito das cooperativas já é um demonstrativo da relevância do campo
para as políticas públicas.

Este trabalho se dá no contexto do Projeto e-COO. O projeto é uma proposta de construção e implementação de tecnologia social inovadora, a partir do desenvolvimento de uma plataforma digital. O objetivo dessa plataforma é facilitar a comercialização solidária em um contexto cooperativista de “redes de redes” da região geográfica imediata de Pelotas.

Os municípios que compreendem a região geográfica imediata de Pelotas são: Arroio do Padre, Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedro Osório, Pelotas, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Turuçu.

Metodologia

As questões que motivam a busca de informação nos sites governamentais partem de um propósito que toma como referencial a perspectiva de um estudo exploratório, a fim de pesquisar profundamente a existência de informações acerca das cooperativas agroecológicas nos sites dos 17 municípios que compõem, segundo o IBGE a região imediata de Pelotas.

Quanto à natureza dos resultados trata-se de uma pesquisa aplicada que procura gerar conhecimentos dirigidos à solução de problemas específicos (GANGA, 2012, p. 207). Quanto à abordagem do problema trata-se de uma pesquisa qualitativa (CRESWELL, 2010) que utiliza o método da netnografia (Marconi e Lakatos, 2011), para descrever o objeto de estudo.

Os dados encontrados foram analisados e sistematizados, agrupando os municípios de acordo com os dados publicados na internet a respeito da ausência ou presença de cooperativas em cada um deles e, no caso de haver a informação da existência de cooperativas, buscou-se também sistematizar as informações a respeito de sua fundação, objetivos, produtos e número de integrantes quando existentes.

Resultados e discussão

De acordo com a análise verifica-se que todos os municípios possuem sites. Entretanto, Arroio do Padre, Canguçu, Morro Redondo, Pedro Osório, Pelotas, Piratini, São Lourenço do Sul e Turuçu têm informações sobre as cooperativas agroecológicas em sites como blogs, jornais e redes sociais. Somente Canguçu e Rio Grande trazem o termo ¨cooperativismo¨ em seu nome, enquanto os outros 15 municípios apresentam apenas outras palavras associadas ao nome da secretaria municipal, ligadas à pesca, agricultura, desenvolvimento rural e meio ambiente.

Não possuem elementos sobre cooperativas: Arroio Grande, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Herval, Jaguarão, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e São José do Norte. Sobre os produtos comercializados, Pelotas não foi encontrado o que produzem, apenas a notícia de que sua Cooperativa se dedica a trabalhar exclusivamente com agroecológicos e/ou orgânicos.

Objetivos das cooperativas agroecológicas

Em alguns dos sites pesquisados foi possível encontrar elementos sobre os objetivos de algumas cooperativas agroecológicas. Como é o caso das cooperativas de Arroio do Padre, Morro Redondo, Pedro Osório, Pelotas, Piratini, São Lourenço do Sul e Turuçu.

A Cooperativa Agroecológica de Arroio do Padre tem por objetivo promover a agricultura familiar através de feiras. A Cooperativa de Canguçu almeja uma relação direta com agricultores fazendo com que os consumidores urbanos valorizem mais os alimentos produzidos sem veneno. Entretanto, a Cooperativa de Morro Redondo visa melhorar as condições de produção e comercialização dos produtos dos agricultores familiares.

O município de Pedro Osório apresenta sua Cooperativa como uma opção sustentável para a agricultura familiar, que proporcione aumento de renda pelo aproveitamento da vegetação nativa e da capacidade produtiva das abelhas. A Cooperativa de Pelotas objetiva a busca por alternativas concretas de organização, produção, processamento e comercialização baseados na compreensão enquanto valores e princípios de respeito aos ecossistemas. A Cooperativa de Piratini e de São Lourenço do Sul objetivam organizar os agricultores familiares para melhorar suas condições de vida. Em conclusão, a Cooperativa de Turuçu tem por objetivo a união de seus associados, em sua maioria agricultores familiares, para comercialização e apoio à produção, bem como à gestão e contabilidade dos empreendimentos.

Redes de apoio

Entre as redes de apoio destaca-se Secretarias Municipais, Emater/RS – Ascar, Unidade de cooperativismo de Pelotas (UCP), sindicatos rurais e o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), Programa Alimenta Brasil (PAB) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

Foi possível perceber que, de modo geral, a organização da comercialização dos produtores se dá por meio de feiras, embora haja outras formas de organização:

Integrante da feira semanal há quatro anos, desde o final de março Adriana interrompeu a venda direta na praça da cidade e ingressou em um grupo organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais que oferece o serviço em
domicílio (BRASIL DE FATO, 2020).


Além disso, também se percebe que estes tiveram que se adaptar ao uso de ferramentas tecnológicas durante o período da pandemia:

Com a suspensão temporária de feiras livres em diversos municípios, agricultores do interior gaúcho adaptam os canais de comercialização com apoio da tecnologia. Em função da pandemia do coronavírus, muitos começaram a vender seus produtos sob encomenda prévia realizada por telefone ou por meio de redes sociais (BRASIL DE FATO, 2020).

Em alguns deles também foi possível se ter informações adicionais como número de famílias envolvidas. Em Pelotas “são cerca de150 famílias cooperadas, distribuídas em núcleos de no mínimo 5 famílias”; em Piratini “Uma família sócia, com cerca de 350 pessoas trabalhando em coletivo”.

O município de São Lourenço do Sul possui “mais de 5.000 famílias associadas, sendo 970 produtores de leite. Com 2 indústrias próprias, que produzem queijos, nata, doce de leite, requeijão, leite UHT, leite em pó”. Já em
Turuçu há a informação da implantação de nove agroindústrias familiares.

Dentre as dificuldades citadas destaca-se a expansão do mercado de vendas e a logística de transporte dos produtos. Tendo em vista que segundo dados divulgados pelo ¨Sistema Ocergs¨ em 2022, haviam 122 cooperativas de Agroecologia registradas no estado do Rio Grande do Sul, com 336.271 mil associados e 39.964 mil empregos, cabe uma reflexão à cerca dos motivos que levam as prefeituras por não se interessarem em políticas públicas que abarque essas cooperativas, uma vez que possuem uma grande quantidade de pessoas
envolvidas e consequentemente seria necessário uma maior relevância.

Considerações finais

Após a análise dos resultados obtidos com a pesquisa, concluiu-se que falta em todos os 17 municípios da região Imediata de Pelotas uma maior divulgação das cooperativas de agroecologia, por parte de instituições como é o caso das secretarias municipais responsáveis por tais empreendimentos. Em uma busca pela internet, fica difícil conhecer as cooperativas, pois há dificuldade em encontrar dados a respeito, e quando há, se encontram muito desatualizados e incompletos, não sendo divulgados em sites oficiais como os das próprias prefeituras e sim em notícias de jornais locais, blogs e páginas de redes sociais, não passando assim tanta confiança e credibilidade.

Esta pesquisa é exploratória no sentido de procurar-se levantar informações sobre as cooperativas agroecológicas da região geográfica imediata a Pelotas, de modo a se obter uma base do que existe disponível acerca deste objeto de estudo. Desse modo, esta construção facilitará, futuramente, o andamento da pesquisa realizada no Projeto e-COO como um todo. Já que o intuito do projeto é o cadastramento de agricultores familiares para a construção de uma plataforma de comercialização desses produtos.

Leia mais em: Projeto e-COO: Perspectivas e desafios metodológicas

Otimizando assim a logística de venda e o contato direto e humanizado com os consumidores, sejam eles institucionais, consumidores e convencionais. Portanto, com uma melhor divulgação do trabalho cooperativo, acredita-se aperfeiçoar o conhecimento das pessoas a respeito da importância das cooperativas. Desse modo, conhecendo onde e como se produz, há uma aproximação do consumidor com o produtor, e consequentemente, o interesse em adquirir seus produtos.

Referências

BRASIL DE FATO. Agricultores familiares de Arroio Grande organizam vendas e ações de solidariedade. Porto Alegre, 24 de Abril de 2020. Disponível em: https://www.brasildefators.com.br/2020/04/24/agricultores-familiares-de-arroio-grandeorganizam-vendas-e-acoes-de-solidariedade. Acesso em 01 de junho de 2023.

FACEBOOK. Coopava Piratini. Disponível em: https://www.facebook.com/CoopavaPiratini?mibextid=ZbWKwL. Acesso em 01 de junho de 2023.

JORNAL TRADIÇÃO. Agricultores familiares de Turuçu superam desafios e mantêm a cultura da pimenta no município. Pelotas, 29 de abril de 2023. Disponível em: https://www.jornaltradicao.com.br/turucu/rural/agricultores-familiares-de-turucu-supera m-desafios-e-mantem-a-cultura-da-pimenta-no-municipio/. Acesso em 01 de junho de 2023.

PÁGINA RURAL. Mulheres integram diretoria da Cooperturuçu para biênio 22/23, diz Emater/RS. Turuçu, 04 de abril de 2022. Disponível em: https://sistemas.agricultura.gov.br/vitrine/produtor/94890266000109/doce-de-leite-pomerano-15-kg-12772. Acesso em 01 de junho de 2023.

VITRINE DA GRICULTURA FAMILIAR. Cooperativa Sul Ecológica de Agricultores Familiares Ltda. Disponível em:
https://sistemas.agricultura.gov.br/vitrine/produtor/04983476000140/index.html. Acesso em 01 de junho de 2023. Relatório Sescoop_2022_final.pdf (dropbox.com)

Autoras: Ana Luísa Moura Simões e Viviani Kwecko

Artigo originalmente publicado na 22° Mostra de Produção Universitária (MPU). Disponível em: file:///C:/Users/yurib/Downloads/1225.pdf

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